Conquistar a independência financeira é um grande desafio para qualquer trabalhador, não importa a profissão e a fase da vida em que está. “Toda hora é hora de começar a buscar esse objetivo. Quanto antes você começar a poupar e a investir, melhor será, mais tranquilidade terá. Isso porque quanto mais tempo você tem, menos você vai precisar investir”, afirma Rodrigo Arenales Arantes, um especialista em finanças que hoje presta consultoria para pessoas que querem se planejar.
“Recomendo sempre que a pessoa pense: qual o padrão de vida que quero ter daqui a um tempo ou na aposentadoria, por exemplo. É preciso ter objetivos, parar e fazer essa conta de como é possível alcançar o que se quer, ter tranquilidade”, declara. Ele lembra que na aposentadoria os gastos podem aumentar, por isso, é necessário calcular antes e fazer escolhas.
De acordo com pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), realizada em julho deste ano, 64,7% dos brasileiros não têm segurança sobre o futuro financeiro e 60% avaliam que a forma como cuidam do dinheiro não permite que aproveitem a vida. Contraditoriamente, apenas quatro a cada dez brasileiros reconhecem que precisam de orientação financeira.
“A gente não vai querer depender de filhos ou de outras pessoas no futuro, diminuir o padrão de vida, vender patrimônio para pagar as contas. Queremos manter a dignidade na velhice e nosso maior patrimônio é a nossa saúde. É com ela que a gente gera renda ao longo da vida de trabalho para construir patrimônio e conquistar a independência no futuro”, ensina.
Rodrigo observa que a palavra-chave é tempo, fator decisivo ao longo da vida produtiva de qualquer trabalhador.
“Todos nós vendemos nosso tempo ao longo da vida. Mas nem sempre podemos escolher o que vamos fazer com ele. Temos independência quando conseguimos inverter a lógica – o patrimônio construído depois de um tempo gera esse dinheiro para que você possa utilizar o tempo da forma que te faça mais feliz.”
Com independência, segundo ele, você poder escolher o que fazer com seu tempo. “E isso não quer dizer que a pessoa vai parar de trabalhar. Por ter construído um patrimônio, você vai usar seu tempo como quiser”, declara.
Ele considera que muitos trabalhadores, sejam servidores públicos, que têm estabilidade ao longo da vida, ou os que trabalham em regime CLT, correm risco quando se sentem seguros demais.
Para Rodrigo, a sensação de segurança faz com que as pessoas posterguem o planejamento e tenham a falsa sensação de segurança, mas imprevistos podem acontecer a qualquer momento e mudar a situação financeira dos servidores. De acordo com a pesquisa da Febraban, apenas 21,9% dos brasileiros estão preparados para lidar com uma despesa inesperada grande.
Para investir, abra mão de algo
Ele ressalta que, para começar a investir, muitas vezes é preciso abdicar de confortos e coisas que se gosta. Pode ser a ida a restaurantes, viagens, carro, apartamento com financiamento maior do que se pode pagar. “É preciso ter menos dívidas. Isso é controle de orçamento”, completa.
Arantes conta que aqueles que buscam investir precisam responder a uma pergunta simples, porém difícil: “você sabe quanto gasta?”. Ele lembra que fazer uma planilha com todos os gastos é uma etapa fundamental para começar essa nova fase. É preciso anotar para saber quanto você gasta para manter seu padrão de vida.
Algumas pessoas chegam a fazer gráficos e contam com recursos que os bancos e diversos aplicativos oferecem a fim de visualizar para onde vai o dinheiro do seu trabalho.
Disciplina e comprometimento
Arantes explica que a ferramenta que a pessoa vai utilizar não é o mais importante. A prioridade deve ser controlar e saber para onde vai o dinheiro, para possibilitar termos consciência.
“Quando você começar a enxergar, você pode fazer novas escolhas e começar a investir, um processo que pode também ser um momento de satisfação”, comenta. Ele destaca que quem pensa como será sua vida daqui a 15, 20 anos ou mais, pode encontrar motivação nisso.
O comprometimento e a disciplina para guardar o dinheiro são os pontos essenciais do planejamento financeiro, garante o especialista. “No começo, fazer isso dói, como toda mudança. Dependendo da situação, a pessoa vai perceber que será preciso cancelar a TV a cabo, reduzir os canais de streaming, comer menos na rua e mais em casa, reduzir as saídas. Depois fica natural”, comenta.
Ele argumenta que, quando a pessoa consegue fazer o orçamento, cumpri-lo e reservar uma parcela para investir, ela tem uma satisfação pessoal muito importante. O momento de guardar o dinheiro e fazer o aporte do investimento é motivador para continuar investindo.
Dois exemplos em casa
O especialista conta que teve as primeiras lições de educação financeira em casa, quando era muito pequeno.
“Minha mãe foi professora e sempre anotou tudo que gastava em cadernos. Ela tem 77 anos, está aposentada e faz isso até hoje. Ela era o perfil de alguém que não ganhava muito, mas com aquele dinheiro criou os oito filhos, sem deixar faltar nada, conseguiu prover a educação e dar oportunidade para todos nós. Para isso, ela abriu mão de muita coisa. Minha mãe é uma guerreira. E bem diferente do meu pai, que era o gastador”, comentou.
Aos 34 anos, Arantes revela que mesmo tendo tido o exemplo da mãe e gostando muito de números, quando era mais jovem, não era uma pessoa muito organizada financeiramente.
“Aos 30 anos, eu não ganhava mal, o problema é gastar mal”. Formado em engenharia elétrica, trabalhou como engenheiro de processos numa multinacional, passou pela área comercial e foi parar na área financeira, no mercado de seguros, onde dava suporte na área de planejamento financeiro consultivo.
Atualmente, Rodrigo é um dos sócios da Faz Soluções Financeiras, uma plataforma de planejamento financeiro, que pretende ser utilizada também para educação. O site tem um blog e um guia.
Dica de livro
Aos trabalhadores que pretendem começar essa mudança, Arantes faz uma sugestão de leitura: O segredo da mente milionária, de T. Harv Eker. “Essa leitura mudou a minha forma de pensar o dinheiro, tema que muitas pessoas têm dificuldade de lidar, nos faz refletir sobre como nos relacionamos com o dinheiro”, comenta.
Servidor
Em Curitiba, os servidores municipais contam com a previdência complementar da CuritibaPrev – Aprev do Servidor, a Fundação de Previdência Complementar do Município de Curitiba.
Servidores que ingressam no quadro e servidores antigos na Prefeitura de Curitiba têm opções de planos que ajudam a construir a poupança previdenciária. Para os novos, o plano é patrocinado pelo Município de Curitiba, ou seja, servidor e Prefeitura guardam uma quantia que fica em nome daquele servidor, no seu CPF. Os mais antigos devem escolher entre duas opções de planos.
O benefício do plano de previdência complementar é uma exigência da legislação desde a aprovação da mais recente Reforma da Previdência, com a Emenda Constitucional 103/2019. Todas as prefeituras e estados devem oferecer esta possibilidade aos seus servidores municipais e estaduais.
Para conhecer os planos da CuritibaPrev – Aprev do Servidor, acesse o site ou entre em contato pelo e-mail curitibaprev@curitibaprev.com.br ou telefone 3350-9604.